A jornada de Jessica Ronne como cuidadora começou com um diagnóstico devastador durante uma ultrassonografia de rotina em 2004. Os médicos informaram que seu filho não nascido, Lucas, havia sofrido um derrame cerebral enquanto ainda estava no útero. Eles ofereceram pouca esperança e sugeriram a interrupção da gravidez. No entanto, Ronne e seu marido decidiram confiar em sua fé e escolher a vida para seu filho, entregando tudo nas mãos de Deus.
Lucas nasceu em 12 de agosto de 2004, “gritando com vida”, e desde aquele momento, Ronne se tornou uma “cuidadora para sempre”. Apesar das profundas deficiências de Lucas, que exigiriam cuidados ao longo da vida, ela sentiu-se cheia de gratidão pelo milagre de seu nascimento.
A vida dela foi ainda mais desafiada quando, alguns anos depois, seu marido foi diagnosticado com um tumor cerebral terminal. Durante os três anos seguintes, eles lutaram contra o câncer enquanto criavam quatro filhos pequenos, incluindo Lucas. Em 2010, Ronne se viu viúva aos 33 anos, criando quatro filhos com menos de 7 anos.
Diante da dor, ela encontrou força em seus filhos e em sua fé. “Meus filhos me levantavam da cama todos os dias”, diz ela. “Prometi ao meu marido que nossos filhos não perderiam os dois pais”. Com a orientação de Deus, Ronne superou os momentos mais sombrios, sempre vivendo por seus filhos e apoiando-se na fé para continuar em frente.
Hoje, Ronne é uma defensora incansável dos pais cuidadores, uma comunidade que ela acredita ainda é amplamente invisível. Após a morte de seu primeiro marido, ela conheceu Ryan, um pai que também perdeu sua esposa para o câncer. Eles se casaram em 2015 e expandiram a família, que agora inclui 10 filhos.
Como fundadora do The Lucas Project, Ronne trabalha incansavelmente para aumentar a conscientização sobre famílias como a sua, oferecendo apoio e recursos. “O mundo simplesmente não é feito para famílias como a nossa”, diz ela. Por meio de sua organização, ela oferece pacotes de ajuda, bancos de dados de recursos e grupos de apoio para cuidadores, além de produzir documentários como Unseen: How We’re Failing Parent Caregivers, que destaca o isolamento e as dificuldades de saúde mental enfrentadas por essas famílias.
Ronne também faz um apelo para que a Igreja faça mais por essas famílias. Ela acredita que, embora as igrejas possam hesitar por medo do desconhecido, gestos simples, como cortar grama ou entregar refeições, podem ser de grande ajuda. “Esse é o trabalho que Jesus fez”, diz ela, instando as congregações a saírem de sua zona de conforto e apoiarem os necessitados.
Em tudo isso, Ronne passou a ver o cuidado como um chamado sagrado. “Cuidar de outra pessoa é o trabalho mais sagrado que podemos fazer neste lado da eternidade”, reflete ela. Essa perspectiva forma o coração de seu livro Caregiving with Grit and Grace, onde ela incentiva os cuidadores a encontrarem propósito em seu trabalho, mesmo quando as recompensas parecem distantes.
Em fevereiro, Lucas fez a transição para uma casa em grupo, uma decisão que Ronne nunca imaginou tomar, mas que, no final, permitiu que ele e a família prosperassem. Embora tenha sido um período de adaptação, a paz e o descanso que trouxe à sua família foram inestimáveis.
Enquanto o Mês Nacional dos Cuidadores ilumina os milhões de cuidadores nos EUA, Ronne pede que a sociedade faça mais por aqueles que cuidam de crianças com necessidades especiais. “Não estamos bem”, admite ela, reconhecendo o cansaço que os cuidadores enfrentam. “Deixe as pessoas abençoarem você, entrem em suas circunstâncias e proporcionem algum alívio.”
Para Ronne, essa missão não é apenas sobre sua própria experiência, mas sobre tornar visíveis as lutas de todos os cuidadores. “Espero que os cuidadores sintam que têm permissão para sentir raiva, alegria, dor”, diz ela. “É a santidade do que fazemos, dia após dia, que une tudo isso.”